Pesquisar neste blogue

sábado, 14 de março de 2015

O Aniversário da Marlene por Rogério Paulo E. Martins (#04/2015)

O aniversário da Marlene é um conto, da autoria de Rogério Paulo E. Martins, do qual será partilhado um parágrafo semanalmente (independentemente do seu comprimento). Sempre aos Sábados, pelas 21:30, não percas, um exclusivo da Pomar de Letras.


Lê os primeiros parágrafos.


Já referi que tinha treze anos. Sabeis o que acontece aos rapazes por esta altura? Sim, isso também. Mas estava a falar de algo um pouco mais inocente; deixam de “repudiar” as raparigas e de vê-las com os mesmos olhos, quer dizer, os olhos são os mesmos, o cérebro é que começa a interpretar as curvas de outro modo. E qual é a coisa mais absurda que a testosterona nos leva a fazer? Exacto, a exibirmo-nos como pavões no cio, peito inchado como um gorila, hum!, macacada é de facto uma boa expressão para a coisa, fiquemos por aqui. Impressionar! Impressionar as fêmeas deve ser a questão mais similar em todas as espécies, todos comemos, respiramos, etc. Mas se há algo que, de facto, nos une, é o modo como em todas as espécies, o macho tenta sempre ser o galo da capoeira, impressionando as suas fêmeas, com demonstrações ridículas, que só a testosterona deve compreender no seu deturpado sentido de humor hormonal. É inevitável. E no dia do aniversário da Marlene – décimo quarto, para quem se interrogue – eu saltei o portão, após ter visto duas raparigas mais velhas passar, mesmo em frente a este, em direcção ao supermercado que ficava mesmo ao lado da minha casa. Duas raparigas que, hoje nem sei se as reconheço, nem sei já os nomes e nem sei tampouco que é feito delas, foram em parte responsáveis pelo acontecimento que marcou aquele dia e ignoraram-no tão completamente como eu ignoro o dia em que fui concebido.

Sem comentários: